Tendo em vista o consequente envelhecimento da população mundial, é urgente a necessidade de criar alternativas para o envelhecimento saudável e a melhora da qualidade de vida da pessoa idosa.
A falta de profissionais habilitados para lidar com este público em diversos níveis (saúde, educação, entretenimento, cultura, segurança, dentre outros) causa hesitação na pessoa idosa, fazendo-a temer um destino incerto.
O Instituto VidaLeve nasceu na prática do serviço atencioso à pessoa em processo de envelhecimento, entendendo suas necessidades específicas particulares e comuns. Utilizando a “pedagogia do acolhimento”, os membros fundadores do Instituto reconheceram os pontos essenciais para trabalhar com a pessoa idosa.
O Instituto VidaLeve possui o objetivo de promover o envelhecimento saudável como estilo de vida ao público idoso, utilizando-se da convivência, do entretenimento e do ensino, através do Trabalho Voluntário.
Utilizar-se do entretenimento para promover relações saudáveis, melhorando a qualidade
de vida do público frequentador;
Atuar na área da manutenção da saúde e prevenção de doenças físicas e psicológicas,
através de palestras e encontros com profissionais da saúde;
Realçar o papel da pessoa em processo de envelhecimento na sociedade, mostrando sua
importância e permitindo-a exercer sua cidadania;
Afeto além de tudo. Vivendo diversas experiências ao longo de sua vida, a pessoa em processo de envelhecimento teme o abandono em quaisquer formas – seja pela família, que não tem mais paciência para compreender suas limitações; pelos amigos, que aos poucos partem definitiva ou temporariamente; pela sociedade, que a enxerga como “improdutiva” ou cria o “estigma do aposentado” (antes pagava os impostos, agora vai se aposentar da cidadania). Muitas delas não têm a coragem necessária de sair de casa, pois não acreditam que o convívio amigável será suficiente para suprir suas necessidades
emocionais. Muitos depoimentos dados expressam bem a ausência de afeto dos três elementos supracitados:
“Meus filhos só gostam de mim porque eu tenho uma herança a dividir com eles”;
“Tentar para quê? Mas eu já estou velho mesmo!”;
“De todas as minhas amigas, umas moram longe e a maioria morreu”;
“Estou fazendo hora extra [sic]”;
“Nem vai dar tempo de eu aprender muita coisa”.
O afeto permite que a pessoa em envelhecimento vá na contramão dos pensamentos negativistas impostos pela sociedade e/ou por suas experiências negativas, ampliando sua estima, sua qualidade de vida, suas relações afetivas (em todas as esferas) e a sua vontade de viver. Esta é a base para o envelhecimento saudável. O envelhecimento saudável consiste em alcançar a maturidade física sem embotar as habilidades mantenedoras da vida, descobertas na tenra juventude (sonhar, amar,
aproveitar o momento presente sem preocupações externas, perdoar, criar laços humanos).
É preciso saber relacionar-se. Na teoria das inteligências múltiplas, o psicólogo americano Howard Gardner defende que cada pessoa possui um tipo de inteligência diferenciada, visto que todo ser humano é único e possui sua visão particular sobre o mundo. Nesta teoria, ele descreve a inteligência interpessoal como a habilidade de reagir a estímulos (humores,
temperamentos e inspirações) de outras pessoas.
O profissional que lida com a pessoa em envelhecimento possui a tarefa de descobrir as verdadeiras motivações que a fazem oferecer o melhor de si. Neste ponto, o profissional perderá os vínculos educativos formais e servirá como um inspirador, um coach que auxiliará no autoconhecimento da pessoa idosa. Não ter medo das raízes. Zygmunt Bauman, um sociólogo polonês famoso pelo seu conceito de liquidez, nos permite definir que as relações modernas são todas fluidas: não possuem mais a constância de outrora, sendo muito mais fácil abandoná-las quando necessário. Mesmo as instituições humanas já consideradas infalíveis e inatas ao ser humano (como a família, o casamento e a religião) estão em séria crise de valores e são
constantemente postas à prova pelos ideais contemporâneos. A pessoa em processo de envelhecimento, no entanto, está em outra fase da vida e deseja estabelecer vínculos mais próximos. Ela sente necessidade de deixar um legado, algo que a
faça sentir que está viva e em conexão com o mundo. Os vínculos afetivos, sejam eles na esfera do amor ou da amizade, são essenciais para a construção e manutenção desta alegria de viver. O profissional pode atuar na criação de vínculos sendo alguém em quem a pessoa em processo de envelhecimento pode se inspirar. Embora seja uma tarefa um tanto complexa,
pois exige estabilidade emocional do profissional, é necessário quebrar os paradigmas das relações líquidas e estabelecer raízes. Isto é enriquecedor para as duas partes.
Criar possibilidades através das interações. Quando uma pessoa se sente à vontade em um ambiente, ela se desprende dos seus problemas emocionais e não tem receio de mostrarse como é. Muitos casos de distúrbios causado por problemas emocionais, como frequentemente é o caso da gagueira, possuem importantes retrocessos quando a pessoa em questão é acompanhada por ambientes inspiradores e que permitem sua autoaceitação.
“Em relação aos fatores precipitadores (da gagueira] pode-se citar o stress [sic), sustos, medos, questões emocionais ou até mesmo alguma doença. […] A demanda por fluência além da capacidade [do indivíduo] (apud Starkweather, 1997) também pode funcionar como um fator precipitador (da gagueira]. ”
É necessário o estímulo linguístico sob medida (nem mais, nem menos) para que o indivíduo possa evitar ou ao menos remediar os sintomas da disfluência. DE BRITTO PEREIRA, Mônica M. A gagueira e suas causas.
http://www.abragagueira.org.br/causas forum.asp?id=10. Acesso em 06/12/2016.
Na convivência prática com o público em processo de envelhecimento, foi possível perceber que a grande maioria deste não conseguia acreditar em suas capacidades de maneira satisfatória. Muitas vezes a educação insuficiente, a falta de oportunidades ou o embotamento dos talentos naturais do indivíduo permitiram que este se pusesse abaixo das suas capacidades reais de desenvolvimento. Neste passo, é importante realçar a figura do profissional como inspirador, aquele que
mostra ser possível realizar tudo o que se há em mente, desde que haja vontade. O profissional que trabalha com o público em processo de envelhecimento possui o desafio e o privilégio de potencializar um indivíduo fisicamente maduro à sua maturidade emocional. Ele também faz parte deste processo, pois aprenderá tanto quanto ensina. Deste modo, é possível elencar os quatro níveis da Pedagogia do Acolhimento:
Quatro níveis da pedagogia do acolhimento
a. Afeto acima de tudo (Primeiro nível), através da escuta Permanente.
b. Possibilitar o autoconhecimento individual e seu reconhecimento no grupo (Segundo
nível)
c. Permitir que a pessoa em processo de envelhecimento desenvolva seus talentos em
plenas capacidades (Terceiro nível)
d. Reintegrar a família com a pessoa idosa, e a pessoa idosa com a família (Acolhimento
pleno)
Estes níveis não são estáticos, podendo ser livremente utilizados (em certos dias, o indivíduo precisa de afeto [primeiro nível]; em outros dias, sente mais necessidade de estar com a família [quarto nível]; ainda em outros momentos, sente-se mais à vontade para exercer seus talentos [terceiro nível].
Método de trabalho:
O profissional do Instituto VidaLeve preza a qualidade de vida de seus atendidos, utilizandose das suas atividades (oficinas, encontros, palestras, saraus temáticos) para promover alegria e bem-estar. As oficinas previstas pelo Instituto Vida Leve são: Canto Coral, Musicalização, Artesanato, Violão, Memorização, Danças Coreografada, Pintura em Tela e Ginástica.
Além das oficinas, serão realizados bailes, passeios, encontros com profissionais da saúde e atividades intergeracionais, que integrem o público idoso com suas famílias. Promovendo a gratidão, o Instituto VidaLeve também promoverá o projeto “Música nas ILPIs”, que leva gratuitamente apresentações musicais (de Canto Coral ou instrumentais) a diversos institutos de longa permanência da região, em parceria com os mesmos.
O tempo que o profissional permanecerá com o idoso atendido será de 01:00 hora sendo através de trabalho voluntário e os idosos não terão nenhum custo para participar das oficinas.
Autores Paulo Afonço Nunes e Henrique Vitorino.
Paulo Afonço Nunes, 63 anos, residente do bairro Bangú, Santo André – SP
Coordenou o centro de referência do idoso de Santo André (CRISA) entre os anos de 2013
a 2016 pela prefeitura de Santo André.
Coordenou o Instituto Vida Leve entre os anos de 2017 a 2020 com atividades culturais
para idosos no Clube dos Aposentados de Santo André.
Em 2016 o CRISA pela coordenação de Paulo Afonço estabeleceu uma parceria com a
UFABC de São Bernardo do Campo junto ao departamento de Neurociência da
universidade, somando em 100 idosos atendidos para realização do teste de equilíbrio do
corpo.
Agora em 2024 retomando a parceria com a UFABC desta vez com a inclusão do Instituto VidaLeve, que passará a ser considerado uma extensão da Universidade Federal do ABC unidade Santo André.
Tivemos o privilegio de contar com aproximadamente 400 idosos em nossa aula inaugural dia 06/03/2024.
Alegria dos participantes, qualidade de vida, melhora da autoestima, prevenção a saúde mental e física dos participantes.
Paulo Afonço Nunes