A cajuína São João é um empreendimento familiar que vem sendo tocado há quatro anos. Conseguimos o Registro no Ministério da Agricultura em 2021, temos a Licença Ambiental emitida pelo órgão ambiental do estado do Ceará. Produzimos cajuína, que é o suco de caju clarificado e pasteurizado, cozinhado em banho-maria. É um produto que garante a conservação das propriedades nutritivas do suco de caju, que é rico em vitaminas, em ferro e outros nutrientes. Uma bebida típica nos estados do Nordeste brasileiro, cujo consumo vem aumentando a cada ano, por ser nutritiva, saudável e saborosa. Indicada até pelos médicos.
Nossa estrutura é bem pequena, rustica e frágil ainda. Mas mesmo assim, demos conta de produzir 35.000 litros na safra passada (2023) e pretendemos produzir 60.000 litros para este ano (2024). Para minimizar esforços e otimizar resultados na logística de produção, temos adotado algumas tecnologias sociais, como é o caso da ;Ventania;, a sucata de uma moto Honda Bros 150, cortada ao meio e emendada com o eixo da sucata de um Scort, que resultou em um triciclo motorizado, que a gente mesmo idealizou e confeccionou. A adaptação conseguiu dar uma potência à moto, de forma que ela leva até 1.500 kg e é com isso que conseguimos transportar dos cajueirais, os cajus e também a lenha e outras atividades mais que necessitam de transporte dentro da comunidade. Outra tecnologia social é uma máquina inventada também por nós mesmos, que mecaniza a lavagem de garrafas. Consta de uma furadeira com uma escova acoplada no mandril, que é injetada na garrafa com água e detergente, gira e acelera o processo de lavagem de garrafas. As escovas, são feitas com arame e filetes de garrafas pet, cortadas e torcidas em duas outras engenhocas que inventamos, para cortar as garrafas e para torcer as escovas.
Nossa estrutura conta ainda, com um moinho (tipo speller) para prensar o cajus; três plataformas de metalon para sustentar os filtros; 48 filtros de tecido oxford; duas mesas de inox; dois carrinhos de mão; uma enchedeira de garrafas; dois lacradores de garrafas; dois tanques de lavagem dos cajus; três tinas plástica para a clarificação do suco; quatro tanques de cozimento (ferro em cima de fornalhas); 100 baldes de plastico; 150 caixas de plastico, tipo monobloco. E todo o processamento (com exceção do cozimento), acontece em um pequeno espaço revestido em cerâmica e forrado (60 m²), onde a parte principal da fabricação ocorre.
Para saber saber um pouco mais sobre como funciona, nosso empreendimento, recomendamos ver uma reportagem do Programa Nordeste Rural, exibido ano passado na TV Verdes Mares (a afiliada na Rede Globo no Ceará), contida no link: https://globoplay.globo.com/v/11689948/?s=0s
Poderíamos identificar alguns impactos positivos. Do ponto de vista ambiental, podemos relacionar a reutilização das garrafas de vidro, que em muitos casos se tornariam lixo, entulho; A lenha queimada para o cozimento do suco no sistema da banho maria, é proveniente da poda sustentável das árvores de cajueiro; A água que usamos, não recebe produtos químicos e ainda assim é reutilizada pelo menos duas vezes e seu destino final é a irrigação de plantas nos arredores da unidade de processamento.
Um impacto ambiental negativo, que podemos considerar é a produção de fumaça, que quando a umidade do tempo fica alta, ela se espalha pelo terreno e incomoda alguns vizinhos. Mas tal problema, está sendo minimizado com a implantação de uma pequena chaminé e um exaustor.
Como impactos sociais e econômicos, podemos identificar, na geração de trabalho e renda na comunidade no processo de fabricação, que além de receberem um pagamento diferenciado, recebem refeições e treinamentos; A valorização da principal produção local, o caju, que ou era desperdiçado ou vendido por preços que não valem muito a pena; As próprias garrafas citadas como impacto ambiental positivo, também pode pontuar aqui, já que as pessoas que coletam, são incentivadas financeiramente em suas atividades de coleta de resíduos sólidos; Da mesma forma que os pequenos fornecedores de caju, que nos vendem a lenha da poda do cajueiro, recebem pagamentos pela lenha que compramos; Podemos considerar como impactos sociais e econômicos, o fato das vendas que são feitas de forma direta para pessoas da cidade, que contam com um poder aquisitivo melhor e de certa forma realizam uma transferência de renda e a inclusão produtiva do empreendimento, que oportuniza geração de renda para pessoas da comunidade. Isso é uma forma de economia solidária.
Temos ainda os impactos culturais, já que ao longo do ano, realizamos pelo menos quatro eventos aqui no nosso espaço e envolvem pessoas das regiões vizinhas: Em janeiro, temos o Encontro dos Profetas da Chuva; Em março temos a Semana das Águas; Coincidindo com as festas juninas, temos a Festa da Colheita, entre junho e julho; Nos meses da safra de caju (entre setembro, outubro e novembro), temos o Dia de Campo da Cajuína São João. São eventos que reúnem muitas pessoas e na ocasião, a gente contrata os artistas da terra, as pessoas comem, se hospedam nas casas da família (na lógica do turismo rural de base comunitário, pela estratégia cama café), elas compram lembrancinhas de artesanato e os produtos das famílias na região. De forma que aquece um pouco ainda mais a economia da comunidade.
O que antes era a Casa de Farinha, aos poucos estamos transformando em um espaço de cultura na nossa região. O que chamamos de Casa de Farinha, Casa de Cajuína, Casa de Cultura - Seu Chico Soares e Dona Luzia Pereira. Espaço no qual, pretendemos também oferecer no futuro breve, cursos e oficinas de diversas expressões artísticas como teatro de boneco, reisado, instrumentos musicais, maracatu, poesia, cordel, bordados, pinturas, entre outros.
A seguir, alguns links contendo vídeos sobre Festa da Colheita 2023:
https://www.youtube.com/watch?v=JyXYGQuRAXE, [0:43 PM,, https://youtu.be/R_5ZsHT5raY?si=_LGaKT6FJ-j8iIGw, https://youtu.be/7fcPDQSy9mI?si=M9bgYkZOGf94E52j. https://youtu.be/b9Q4snWMZ0Y?si=p0qYWRCUFAr_ppWO
Silvanar Soares Pereira