Educação e Cultura
ABAcaTEA oferece atividades personalizadas para pessoas com Transtorno do Espectro Autista. A partir do preenchimento de um formulário online por pais, professores ou terapeutas, são disponibilizados pacotes de atividades com conteúdo e formato adequado para o perfil do aprendiz. As atividades podem ser enviadas pelo correio ou via download. Nesse último caso, o cliente terá que imprimir, plastificar e montar o material. Cada atividade tem um código QR para acesso a vídeos explicativos sobre como montar e aplicar.
Os conteúdos trabalhados envolvem: (1) habilidades de linguagem e comunicação; (2) capacidades cognitivas; (3) alfabetização e matemática; (4) conteúdo escolar; bem como (5) regulação emocional, (6) autonomia e organização, (7) função executiva, (8) entretenimento etc. O conteúdo e formato serão selecionados de acordo com o perfil do aprendiz, bem como das condições que ele tem para aprender (ambientes e parceiros de aprendizagem).
Os clientes podem selecionar os produtos diretamente do catálogo, mas também disponibilizamos um serviço de inscrição mensal. Nesse segundo caso, os pacotes acompanham o desenvolvimento da criança, ampliando gradualmente suas capacidades. O cliente preencheria um breve questionário sobre o material enviado e esses dados seriam considerados na construção do próximo pacote.
Dado que a população com TEA tem uma tendência a abuso de telas e aplicativos, nossa proposta focaliza a aprendizagem “unppluged” e social. A Inclui cartões, folhas de atividade e brinquedos. Esses materiais devem ser utilizados com parceiros de aprendizagem, incluindo familiares, amigos, terapeutas e educadores.
Considerando a prevalência do autismo, existem cerca de um milhão de crianças com autismo no país. Essas famílias lutam por acesso a tratamento e a oportunidades de desenvolvimento e aprendizagem. Nosso produto pode ser utilizado no contexto clínico e escolar, facilitando o trabalho de professores e terapeutas. A empresa também oferece assessoria pessoal online com profissionais qualificados que possam discutir detalhes da situação de cada aprendiz e auxiliar o processo de aprendizagem.
Do ponto de vista da infraestrutura, a empresa conta com: (1) Conjunto de instrumentos de avaliação construídos a partir dos protocolos internacionais de avaliação e do conhecimento do contexto real das crianças brasileiras; (2) Catálogo de produtos e materiais destinados à crianças com autismo que já são produzidos e distribuídos no Brasil; (3) Modelos estruturados (templates) que serão preenchidos com os estímulos e conteúdos adequados para cada criança; (4) Vídeos tutoriais sobre como montar e/ou aplicar as atividades; (5) Plataforma online que reúne os itens anteriores para estabelecer a personalização; (6) Células locais com um ou mais funcionário que possa imprimir e montar os pacotes a serem postados pelo correio. Uma vez que a plataforma online estiver montada, as células locais podem ser selecionadas e ampliadas a partir da demanda.
Nosso diferencial é ter o domínio tecnico e a experiência prática necessárias para reunir avaliação, produção e ensino em uma plataforma única. A oferta dos produtos em diferentes formatos e valores irá permitir que pessoas de todas as classes sociais acessem nosso serviço. Ele pode ser oferecido a famílias, clínicas, escolas e também ser disponibilizado para a administração público. Prefeituras podem acessar materiais a serem distribuídos para seus aprendizes nas escolas municipais. O SUS pode utilizar os materiais personalizados para facilitar o trabalho de terapeutas nos serviços de saúde.
Atualmente, estima-se que um milhão de crianças brasileiras tem Transtorno do Espectro Autista (TEA), vivenciando desafios no seu desenvolvimento e aprendizagem. O tratamento é extremamente custoso e difícil, envolvendo equipe multiprofissional desde a primeira infância, com dez e quarenta horas semanais de terapia, além de modificações no processo de educação e profissionalização desses indivíduos. Na ausência dessa rede de apoio, os desafios das famílias atípicas se multiplicam, gerando dor e sofrimento intensos. A mídia recentemente mostrou um adolescente que morreu devido a bullying na escola, e uma mãe que optou por matar seu filho e se suicidar - para mencionar apenas duas situações trágicas recentes de um problema que é generalizado e crescente. Nesse cenário angustiante, muitos charlatões oferecem tratamentos milagrosos e soluções mágicas. Muitas famílias utilizam todos os seus recursos e, além de não obter resultados, frequentemente geram danos permanentes a seus entes queridos. Vale citar o tratamento que utiliza água sanitária, dietas restritivas, câmeras hiperbáricas, quelação etc. Mesmo no contexto dos tratamentos que tem base científica, o cenário é bastante complexo. Isso porque os planos de saúde não cobrem o tratamento de modo integral e as famílias acabam precisando entrar na justiça para ter acesso a tratamento. Mesmo os casos que estão acessando tratamento via liminar da justiça estão em constante risco, uma vez que os planos de saúde dificultam os convênios e priorizam os lucros ao tratamento eficaz. Os serviços públicos não comportam os tratamentos necessários para o TEA, nem na saúde, nem na educação. Os profissionais que estão na ponta vivenciam a angústia de receber as crianças e não poder oferecer o que elas precisam. O nosso serviço não resolve todos esses problemas mas oferece uma ferramenta que pode auxiliar em todos esses contextos. Com apoio da tecnologia, é possível reunir os conhecimentos sobre avaliação e sobre tratamento em um modelo escalável e de baixo custo. As atividades e vídeos são a base material para a proposta, mas são apenas o começo. A partir deles, começamos a construir contextos de aprendizagem nos quais famílias, terapeutas e educadores podem trabalhar juntos. A inscrição no programa pode ser individual, solidária ou coletiva. Os dados de cada aprendiz/família formam um banco de dados que vão permitir reunir pessoas com desafios e potenciais similares. Queremos montar grupos regionais de pessoas que se apoiem e que possam lutar juntas para construir uma sociedade mais inclusiva. Uma vez que tivermos dez famílias registradas na mesma cidade, bem como um ou dois terapeutas ou educadores, podemos entrar em contato para propor um evento local. Uma simples "tarde azul na sorveteria" com a presença das famílias e das profissionais poderia oferecer um ambiente social para a construção dos laços de comunidade que são o início da revolução inclusiva.
Julia Zanetti Rocca
