Aqui analisamos detalhadamente o caso brasileiro. O caso mundial tem dados semelhantes. O autor escreveu dois artigos em 2021 sobre o tema, que fundamentam esta proposta, e podem ser apresentados no formato original como anexos se desejado.
O brasileiro médio produz 1,2kg de Resíduos Sólidos Urbanos por dia. Cerca de 0,8kg são orgânicos e combustíveis. Eles poderiam produzir 0,9 kWh, mas são levados para longe e enterrados em aterros sanitários. Para isso, as prefeituras gastam R$ 0,36 por quilo (US$ 0,07 por quilo) para coletar, transportar e enterrar. É quase a energia de 1kg de bagaço de cana, do qual as Usinas Térmicas de Biomassa extraem R$ 0,35 (US$ 0,06) de energia elétrica, que, se levados em conta os impostos que têm de ser pago nas contas de luz dos usuários, economizam ou vendem a energia por mais de R$ 0,70 (US$ 0,13).
Os Resíduos Sólidos Urbanos RSU, são produzidos em residências, escritórios, lojas, oficinas ou pequenas indústrias, poda de árvores e gramados, limpeza de ruas. Normalmente, nas cidades brasileiras, equivale a cerca de 1,2 kg por habitante por dia, fora os resíduos de construção e a areia da varredura de ruas. Fica aqui demonstrado que se for utilizada a compostagem acelerada, a percentagem atualmente reciclada pode ser aumentada de menos de 20% para perto de 80%.
A atual crise elétrica pegou (em 2021) o Brasil no contrapé, apesar de ter investido muito nas últimas décadas em Linhas de Transmissão e Interligações do Sistema Elétrico, para que Regiões com água suficiente nos Reservatórios de Usinas Hidrelétricas, forneçam energia para Regiões sem disponibilidade hidráulica sazonal.
Para superar esta crise, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONSE) calculou que seriam necessários 5,5 Gigawatts adicionais de energia, ou 7,5% da carga atual de 73,3 Gw (2021). Isto está sendo revelado agora, embora tenha havido prenúncios repetidamente ao longo dos últimos três anos.
O que causou a escassez? Os dados do ONSE recolhidos e publicados diariamente de hora em hora mostram que não falta Capacidade de Geração, que no total chega a 170Gw, ou mais que o dobro da carga produzida. Somente as Usinas Hidrelétricas poderiam gerar 109 Gw, se tivessem água. As centrais térmicas e nucleares com capacidade de 40,6 Gw estão a produzir apenas 22 Gw, devido aos elevados preços dos combustíveis e outros impedimentos. Eólicas e Solares com capacidade de 22,2 Gw dependendo do vento e do sol durante o dia, só podem produzir cerca de 13 Gw. A maioria das Usinas Hidrelétricas não possui água suficiente, as Usinas Eólicas geram apenas 2/3 da capacidade e as Usinas Solares apenas 11%.
Desta forma, estamos no contrapé devido aos gargalos que aparecem em cada setor. 2/3 da Capacidade de Geração está mais concentrada do que deveria em Usinas Hidrelétricas. Estamos importando 0,8 Gw da Argentina (2021). E as térmicas possuem combustíveis e restrições que aumentam muito os preços da energia, além do que o consumidor e o produtor podem arcar, aumentando sobremaneira os riscos de apagões e paralisações prejudiciais ao progresso da Economia. Houve muito investimento em sofisticadas Interligações de Redes, mas não se investiu o suficiente em uma alternativa que oferecesse baixos custos de produção, embora essa alternativa exista.
A carência ficou evidente. O Ministro já pediu ajuda (2021). Mas ainda precisamos enviar o Herói em busca da solução mais adequada. E o Herói tem que fazer uma viagem sem buscas, para outro Reino, ainda Desconhecido, para tentar por acaso encontrar um Doador, que lhe mostre o Auxiliar Mágico. E, no curto prazo disponível (2021), melhorar a situação e evitar maiores danos às pessoas e às indústrias. Mas podemos provar que o Auxiliar Mágico existe e onde ele está.
Se dividirmos os 5,5 Gw críticos pela população de 213,2 milhões, chegaremos ao minúsculo valor de 25,8 W por habitante. Corresponde a uma necessidade de 0,62 kWh por dia ou 18,6 kWh a mais por mês. Agora (2021), o consumo per capita atual é de 251 kWh por mês. Cresce anualmente 2,25%. Nosso Herói, a ANEEL, em todos esses anos, teria que fazer uma partilha equilibrada dos investimentos que coordena, entre as modalidades de produção de energia elétrica. Ele não fez isso corretamente. De acordo com o PDE 2029, foram previstos investimentos de R$ 103,7 bilhões (US$ 18,9 bilhões) apenas para Linhas de Transmissão e Subestações, o que não resolve de forma absoluta a alocação adequadamente equilibrada da Capacidade de Geração. Ou seja, teria que ter criado Capacidade de Geração com menores custos operacionais, uma vez que já existe excesso de Capacidade de Geração com custos elevados. Isso criou problemas mais críticos para a população, a inflação num momento de escassez de trabalho e de produção, com baixos rendimentos para trabalhadores e empresários.
Nosso Herói, ANEEL, não reagiu à prova, não prestou serviço aos moribundos, não poupou quem mendiga, não fez a partilha correta e não conciliou os contendores. Basta ver que, como foi veiculado na televisão, os grandes consumidores, responsáveis por 50% da demanda analisada, que correspondem às indústrias de base, não serão afetados pelos aumentos tarifários. Também não são os consumidores mínimos que têm tarifa social. Assim, os custos exorbitantes recaem sobre os cidadãos da classe média, os produtores de comércio e serviços e as pequenas e médias indústrias. Estes custos adicionais em nada melhoram as condições a curto e médio prazo, a menos que esses valores fossem investidos, rapidamente, em capacidade de geração de baixo custo operacional, em Microgeração, numa quantidade que se somasse a uma elevada disponibilidade de produção. Este não é o caso das usinas eólicas e solares, que, como vimos, geram apenas 2/3 e 11% da capacidade instalada, respectivamente.
Portanto, é preciso que haja uma reação inovadora do nosso Herói, a ANEEL, para se salvar dos ataques e derrotar o Ser Hostil que já está presente.
O Ajudante Mágico é a energia da Biomassa. Não vamos pensar em bagaço de cana ou em resíduos florestais de eucalipto. Existe um combustível abundante e barato, que são os Resíduos Sólidos Urbanos. Cujo aproveitamento energético pode ser disponibilizado em todo o país no curto prazo em Sistemas de Microgeração e não Macro. E gerariam muitos empregos, que faltam à população.
Mas o nosso Herói não superará esta prova, pois exige imensa capacidade organizacional. Portanto, devemos pensar em um novo desenvolvimento desta história, para avançar, ainda que de forma mais lenta.
Um Condomínio de 50 apartamentos, com 150 habitantes, gera 180kg de RSU/dia. Joga fora 135 kWh de energia que poderia economizar R$ 94,50 por dia (US$ 17,18) nas contas de luz do conjunto, e ainda economizar R$ 38,88 (US$ 7,07) nas despesas do Município com resíduos excedentes, além de poder vender cerca de R$ US$ 24,30 (USD 4,42) de Composto Orgânico de alta qualidade produzido de forma acelerada em reatores biológicos de baixo custo, pressurizados com Ar Comprimido.
Bastaria utilizar 0,5% deste potencial energético proveniente do desperdício diário em eletricidade em todo o país, para satisfazer a procura crítica de 5,5 Gw definida pelo ONSE.
Não é uma solução do tipo Usina Térmica de Biomassa, aplicada ao bagaço de cana, que exige um macro investimento em Caldeiras, Turbinas de Contrapressão e Condensado, e também produz muita fuligem. Mas a compostagem, se acelerada, poderia produzir fertilizante turfoso líquido e sólido, inodoro e valioso, em seis dias, além de energia elétrica. Com baixo investimento, rápido e simples de executar em qualquer cidade. Um pequeno compressor de ar, alimentando Vasos de Oxidação Rápida (VOR) feitos de barris de aço usados, com tampa estanque à pressão, seria capaz de acelerar a compostagem. Isso normalmente requer meses de trabalho e uma grande área disponível, com pessoal cuidadoso, mesmo que produzindo odores e insetos ou roedores. Portanto, seu uso não tem tido muito sucesso (no caso geral do Brasil). Para acelerar o processo biológico de fungos e bactérias é necessário fornecer muito ar, oxigênio, que pode ser por compressão, produzindo dióxido de carbono, água e menos de 10% de resíduo turfoso de forma acelerada.
Neste Sistema Inovador, a Reciclagem é fortemente incentivada. Devem ser selecionados Resíduos Sólidos Domésticos e Urbanos, separando putrescíveis orgânicos, papéis comuns não exigidos na reciclagem atual, podas de árvores de ramos finos, gramados e jardins, hortaliças, cascas de coco. Passar por uma máquina trituradora pequena e de baixo custo, do tipo utilizado para produção de feno. Observe que a Reciclagem Atual utiliza predominantemente (no Brasil) apenas papelão, alumínio e vidro. Portanto, a Nova Reciclagem será de até 80%. Somente plásticos finos, galhos grossos, latas e recipientes de pouco valor e papel higiênico com contaminação fecal irão para o aterro.
Aproximadamente 0,8kg/dia ou 2/3 são compostáveis. Completando a participação das podas, que podem ser facilmente variadas através da aquisição às cooperativas de catadores, no processo de Compostagem Acelerada analisada:
– Resíduos Orgânicos de Cozinha 55% 0,660kg/dia
– Papel não reciclado exceto papel higiênico contaminado 2,5% 0,030kg/dia
– Panos de algodão, trapos, couro 2,5% 0,030kg/dia
– Poda de folhas e galhos finos 6,66% 0,080kg/dia
SOMA 66,66% 0,800kg/dia
O terço restante (33,33%): já é parcialmente reciclado, como alumínio e papelão; às vezes é reciclado, como vidros, latas, metais e plásticos grossos; ou é levado para longe e enterrado em aterros ou lixões, como podas grossas, plásticos finos, papel higiênico e fraldas contaminadas, pilhas, remédios vencidos, cadáveres de animais, lixo e outros. Os lixões ou aterros sanitários em nossas cidades (Brasil) constituem sempre um grave problema ambiental, sempre exigindo frequentemente medidas projetivas.
Para fins do Projeto, deve-se considerar que os Restos Orgânicos são 80% água e 20% compostos por amidos, açúcares, celulose, resíduos proteicos e lipídicos. São cascas de frutas e ovos, vegetais, fibras, óleos, etc. Assim temos 0,120kg/dia que podem ser agrupados como predominantemente Celulose ((C6H10O5)n), Glicose (C6H12O6), ácidos graxos (C18H36O2).
Os outros 0,080kg/dia também contêm predominantemente Celulose (estimada em 40%), Amidos (estimados em 40%) e Água (estimada em 20%).
Simplificando, para analisar a Compostagem Acelerada proposta, em um Módulo com 6 VOR Vasos de Oxidação Rápida para cada 75 habitantes ou 25 apartamentos, são descartados em cada VOR cerca de 60kg de RSU Selecionados por dia. A carga é:
– Água (0,660 * 0,80 + 0,140 * 0,20)75 = 41,700kg/dia
– Celulose (0,660 * 0,12 + 0,140 * 0,40)75 = 10,140kg/dia
– Amidos e Açúcares (0,660 * 0,08 + 0,140 * 0,40)75 = 8,160kg/dia
TOTAL 60,000kg/dia
O volume real ocupado por esses componentes no VOR, que tem capacidade total de 0,200 m3, é:
V = 41,7/1000 +18,3/1500 = 0,0539m3
Os 0,1461m3 restantes são ocupados por ar, que possui 21% de Oxigênio (que participa das reações de decomposição e oxidação) e 78% de Nitrogênio (que não participa das reações).
Então temos os componentes finais:
– Oxigênio 02 0,1461 * 0,21 * 1,429 = 0,046kg
– Nitrogênio N2 0,1461 * 0,78 * 1,2506 = 0,143kg
A decomposição dos Resíduos com produção de calor e energia ocorre de forma aeróbica e anaeróbica. Uma vez fechado o Vaso, ocorre a reação aeróbica, com sua estequiometria, até consumir o O2 disponível, preferencialmente com Glicose:
C6H12O6 + 6 O2 -> 6 CO2 + 6 H2O
180 + 192 = 264 + 108 = 372
0,0431kg + 0,046kg = 0,0633kg + 0,0258kg = 0,0891kg
Portanto, apenas 0,0431kg da carga orgânica reage até este ponto. Correspondem a (0,0431 / 8,16 = 0,528%) da carga glicêmica, ou (0,0431 / 18,3 = 0,236%) da carga orgânica total. O volume de CO2 gerado, em CNTP, é (0,0633/1,976 = 0,0312m3), que é o mesmo volume de O2 inicial. Há aquecimento com liberação de 4,3 kWh/kg de glicose.
Assim, entra em ação a reação anaeróbica, de Fermentação Alcoólica, que, para acelerar, é adicionada às camadas de Resíduos, Levedura de Cerveja, preferencialmente do tipo floculante. Uma grade de malha fina foi posicionada inicialmente no Vaso VOR, a 10cm do fundo, para permitir o acúmulo drenado de líquidos, e também a injeção lenta de ar comprimido sob as camadas de Resíduos. As camadas são depositadas com 5cm de altura, com densidade aparente em torno de 400kg/m3, com leve compressão. Cada uma corresponde a cerca de 4,7kg, pretendendo-se dosar cerca de 3,5kg em resíduos de cozinha e o restante em folhas, papel e vegetais triturados em máquina de fazer feno. São colocadas cerca de 14 camadas, deixando um espaço de cerca de 15cm até a tampa hermética, que então é colocada e fechada.
A reação da Fermentação Alcoólica começa quando há déficit de oxigênio. Em condições ótimas, nas dornas das Centrais de Álcool, esta fermentação ocorre em 12 horas. Nas condições do reator projetado, como será feita uma pequena injeção de ar comprimido, e como as condições não são as ideais, esse tempo deverá atingir, em média, entre 24 e 72 horas. Então:
C6H12O6 -> 2CO2 + 2C2H3OH
Dados das Usinas de Álcool informam que para cada kg de Glicose utilizado são obtidos entre 0,485kg e 0,511kg de Álcool Etílico e cerca de 0,488kg de Dióxido de Carbono, além de 5% de compostos orgânicos resultantes do crescimento celular de leveduras e bactérias. Esta reação é levemente exotérmica, elevando a temperatura para apenas cerca de 35º C, pois a energia liberada é utilizada para o crescimento da levedura e parte da energia também permanece na massa de álcool produzida.
Estão disponíveis no VOR (8,16 0,0431 = 8,1169kg) de glicose, que pode gerar 3,691kg de CO2 e aproximadamente a mesma massa de Álcool Etílico. A massa de 10,14kg de celulose também reage, mas de forma muito mais lenta. O CO2 gerado corresponde a (3,691 / 1,976 = 1,868m3) o que poderia aumentar a pressão relativa do VOR em aproximadamente 8,34 vezes. Assim, diferentemente da reação aeróbica, um fluxo abundante de gás é produzido para movimentar uma turbina geradora. Pode haver um queimador para o álcool vaporizado, o que aumenta ainda mais a produção de energia elétrica na turbina. Observe que as válvulas de controle e alívio devem manter uma pressão máxima de 2bar(g).
Também está sendo fornecida uma injeção lenta de ar através do pequeno compressor, da ordem de 1pcm ou 0,5l/s, capaz de pressurizar o VOR a 2bar(g) em cerca de 10 minutos. Com isso, as reações aeróbias também continuam lentamente, principalmente na parte celulósica, sem variação de volume, mas com aquecimento intenso, que após entrar na fase de ação de bactérias e fungos termofílicos, vai até 70º ou 80º C e ainda mais, ou seja tudo resultando em uma variação de 15% nos volumes iniciais de gás, contribuindo também para a geração elétrica na turbina.
Estima-se que em seis dias, a parte preponderante de 2/3 da energia de combustão já tenha sido suprida por reações, tanto de fermentação aeróbica quanto de fermentação alcoólica, e também com a vaporização parcial do Etanol presente (que tem ponto de ebulição de 78º C) e algum vapor de água. Produzem assim maiores volumes de gases e geram energia elétrica. O etanol não vaporizado produziria uma espécie de mosto no líquido aquoso que cai no fundo do VOR, e que pode ser utilizado como fertilizante, bem como o resíduo de camadas sólidas dispostas na grade no fundo do reator, estimado em cerca de 10% ou 6kg. Podem ocorrer outros tipos de fermentação, como acética e butírica, reduzidas por medidas de processo. (Observe que outra possibilidade é a produção de metano, que também pode, por combustão, gerar energia na pequena turbina).
Após estes seis dias, observa-se a evolução da pressão e da temperatura, que aumentam até máximos controlados e finalmente diminuem. Deverão existir 2 manômetros e 2 termômetros, na parte inferior do VOR e na tampa. Analisando então o pH do líquido amostrado no dreno de fundo, quando este deixa de ser ácido, o processo pode ser considerado concluído, e o VOR aberto para retirada dos fertilizantes sólidos e líquidos (este último estimado entre 20 e 50 litros ). Parte da levedura produzida pode ser aproveitada no próximo lote, reiniciando todo o processo.
Feita a seleção, os resíduos triturados seriam dispostos e misturados aos resíduos orgânicos de cozinha em Vasos de Oxidação Rápida confeccionados com barris usados de 200 litros, medindo 58,5cm de diâmetro e 85cm de altura. Cada vaso pode receber 50kg de resíduos selecionados, deixando livres cerca de 50 litros do barril. Os barris receberiam reforço de soldagem, dreno inferior e adaptação na parte superior para tampa hermética, equipada com vedação de borracha, manômetro, termômetro, válvulas de alívio e controle.
Uma vez fechado o Vaso, um pequeno compressor de ar o encheria com ar a 4,0bar(g) em poucos minutos, desligando automaticamente e só ligando novamente quando a pressão no Vaso durante a sequência de operação cair para zero.
Com a saída fechada, em um dia bactérias e fungos termofílicos iniciam a oxidação acelerada, elevando a temperatura para 70º a 80º como ocorre na Compostagem Comum. Como resultado, a pressão sobe para 4,6bar(g) e a válvula de saída do VOR pode ser aberta, drenando o ar com o nitrogênio e o dióxido de carbono originais produzidos na oxidação biológica. Em seguida, movimenta um Ventilador Industrial Centrífugo ou Pequena Turbina, dotado de Gerador Elétrico de baixa potência, com conversor para alimentação da Rede Elétrica Pública, com contador apropriado para registro da energia consumida e fornecida à Concessionária, nas condições previstas por Lei Federal (no Brasil), já comumente adotada em sistemas de Microgeração Solar e Eólica. Os créditos de energia podem ser utilizados pelos Condôminos, conforme exigência legal. Poderia também haver um queimador para o álcool vaporizado, lançando à turbina, com maior produção energética.
Um Módulo de Microgeração é composto por 6 VORs ou barris, cada um para um dia de produção, conectados sucessivamente durante a semana de operação. Para maior produção de resíduos podem ser utilizados vários módulos, sempre com 6 barris VOR cada. Para o Condomínio de 50 apartamentos analisado seriam 2 Módulos. Estima-se que em 6 dias a maior parte, cerca de 2/3 de toda a matéria orgânica, seja oxidada, produzindo calor, pressão, fluxo de gás e energia elétrica (inclusive pela combustão do etanol). A potência média ou contínua gerada nos dois módulos de 6 VOR será em torno de 5,625 kW, gerando cerca de 4.050 kWh em um mês.
Quando o pH do líquido drenado no VOR deixa de ser ácido, é sinal de que a energia captável já foi produzida em sua parte preponderante, sendo hora de desligar o respectivo VOR, retirar o resíduo oxidado, turfoso e escuro, além do fertilizante líquido, para poder prepará-lo para fornecimento aos compradores, ou utilização no Condomínio.
Cerca de R$ 3.135,00 (USD 570,00) serão economizados nas contas mensais de luz do Condomínio ou Condôminos (incluindo impostos cobrados na conta de luz), agregando cerca de R$ 750,00 (USD 136,36) em receita com a venda de Composto Orgânico e Líquido Fertilizante. Eles somam R$ 3.885,00 (US$ 705,36). Com o gasto de apenas um operador em meio período, que poderia ser o jardineiro, além de pequenos pagamentos por serviços à Cooperativa de Reciclagem que colabora. O Condomínio pode negociar com a Prefeitura, desde que produza apenas 20% dos Resíduos que produzia, para obter uma Taxa de Limpeza Urbana menor. Normalmente é cobrada junto com o IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano). Além disso, as Prefeituras (no Brasil) incentivam os consumidores e proprietários que têm essa visão Ecológica, Social e de geração de empregos a Cooperativas de Reciclagem, com IPTUs mais baixos. O conjunto dessas reduções de IPTU e TLU (Imposto de Limpeza Urbana) pode chegar a mais de R$ 750,00 (US$ 136,36) por mês nos 50 apartamentos do Condomínio, em imóveis de preço popular, ou muito mais, em apartamentos de classe média e média alta. Com tudo isso, o faturamento sobe para R$ 4.635,00 (US$ 842,73) por mês,
Um Módulo precisa de uma pequena área pavimentada ou de cascalho, com 8,0 m de largura por 5,0 m de comprimento. Cada módulo adicional requer aproximadamente 3,0 m adicionados ao comprimento. Orçamentando os investimentos, que são pequenos, verifica-se que o seu período de retorno gira em torno de menos de um ano para o Condomínio analisado com 50 apartamentos. As vantagens são múltiplas para os proprietários e para a sociedade.
A glicose, após combustão completa, libera 4,3 kWh/kg e a madeira 5,0. (Em comparação, o carvão gera 7,2 a 9,2 kWh/kg, o etanol 8,3 e a gordura corporal 10,6; 11,7 para o biodiesel, 12,9 para a gasolina e 15,4 para o metano). Mas esses valores devem ser reduzidos para considerar a transformação da água em vapor, ou vaporização de outros componentes como o Etanol no caso analisado. Isto dissipa o calor da vaporização na atmosfera, a menos que existam turbinas de recuperação de condensado. Seria analisado com base no valor do Calor Inferior de Combustão, que em muitas substâncias é 10% a 20% menor. Além disso, deve-se considerar que a oxidação no VOR não é completa.
Supondo então que o sistema VOR pode liberar 2 kWh/kg para acionar a pequena turbina geradora de eletricidade, e que sua eficiência também é de 40%, obtém-se cerca de 0,8 kWh/kg de matéria orgânica.
O Sistema de Microgeração proposto com Compostagem Acelerada poderá representar a solução para um mundo melhor, com 2/3 de reciclagem de todos os resíduos. Também a solução para a Crise Elétrica Crônica no Brasil, que persiste devido ao alto custo do combustível para as termelétricas. Além disso proporciona um enorme potencial de emprego para recicladores, indivíduos e cooperativas ou empresas, resolvendo uma persistente falta de trabalho digno para a população. Estas medidas, juntamente com os investimentos em capacidade de Geração Eólica e Solar, representam sem dúvida as melhores chances de superação das crises elétricas nos próximos anos, melhores do que os também importantes investimentos elevados, atualmente priorizados, para a Interligação do Sistema Elétrico Nacional. Isso, de fato, não acrescenta Capacidade de Geração. Os pontos de venda são mais de mil cidades do Brasil que possuem coleta e destinação de RSU; milhares de condomínios residenciais. Aqui imaginamos utilizar um modelo de negócio onde oferecemos o projeto de pequenas unidades, a construção destas nos locais definidos pelos clientes compradores. A consultoria e acompanhamento dos clientes, e cooperativas de reciclagem por meio de contratos remunerados, cuja remuneração poderia ser como participação na venda de energia elétrica gerada e compostos orgânicos, e economia nos custos de disposição dos RSU gerados pelos municípios; Cronograma o cronograma de implantação das primeiras unidades é de poucos meses. A expansão da oferta é em um período de vários anos, com possibilidade de crescimento rápido. A capacidade das unidades do projeto pode variar em função da quantidade de RSU. Podem ser facilmente dimensionadas para atender de 25 a 250 unidades residenciais. Grandes projetos requerem empresas especiais, facilmente disponíveis em qualquer das maiores cidades brasileiras. O projeto e a construção e operação inicial do protótipo aqui na Bahia podem custar US$ 20.000,00; O alvo geográfico inicial é o Estado da Bahia, Brasil, onde contamos com um conjunto de empresas e projetistas, que estimulam a ideia e podem participar. O potencial da solução e da tecnologia pode, sem dúvida, criar valor para grandes empresas e investidores até internacionais, tanto no Brasil quanto na Itália e em outros países, e especialmente naqueles que mais carecem de soluções para RSU e geração de eletricidade. Com base nessas evidências, o Sistema de Microgeração com Compostagem Acelerada, aeróbica e com fermentação alcoólica associada, é superior à tradicional Microgeração Térmica a Biomassa, como bagaço de cana e resíduos vegetais secos, que necessita de caldeiras, altas temperaturas, altas pressões, turbinas de contrapressão e condensado, em sistemas muito maiores e que consomem capital. As Usinas Eólica e Solar também são mais intensivas em capital, além de gerarem poucos empregos e não levarem em conta resíduos e reciclagem, que lidam com transportes de longa distância e danos ambientais.
Roberto Falcão de Almeida Souza