O PROJETO
RESUMO: O Sitio da Luz é um mini projeto situado em Chapada Diamantina, Bahia, Serra do Espinhaço, distrito de Catolés, município de Abaíra. Embora tenha 01ha, metade dele é uma APP pedregosa (quartzito), com uma vegetação endêmica, que alguns profissionais chamam de caatinga de altitude, pois em relação ao nível do mar tem cotas variando de 900m a 2000m. No sitio, as altitudes variam de 1000m a 1100m. O pico mais alto do Nordeste situa-se no distrito, com 2031m. Mesmo deste meio hectare, apenas cerca de 80% são realmente aproveitáveis produtivamente. Partindo do ensinamento do meu avô de que se tem solução não é problema e se não tem solução, também não é problema, decidimos, minha companheira e eu, (somos casados, mas não gostamos do termo esposa/o) implantar um projeto que visasse principalmente a harmonia natural que rege o planeta a bilhões de anos. Como somos parte de uma sociedade de primatas que nos apelidamos de sapiens, que inventamos uma ciência que chamamos de econômica, (além de outras) onde atualmente o dinheiro virou deus, não tínhamos como evitar os custos. Optamos por investir apenas o que coubesse dentro de um salário mínimo. Até agora, pelo menos 90% deste propósito, conseguimos. Vamos ao projeto. Metas alcançadas e a serem alcançadas: Moradia Reconstrução da casa, alcançada; Água Para consumo, irrigação e para dessedentação de futuras criações e, possivelmente, para futuros proprietários (herdeiros e/ou amigos), alcançada; Energia Tornar o sitio energeticamente independente da concessionária (eletricidade), ainda é projeto; Adubação Depender só de adubos produzidos no sitio (80% alcançada). Os 20% restante são melhorias que tornarão o sitio muito mais próximo da auto sustentabilidade. Consiste em um pasto com 17 piquetes calculados para uma vaca por piquete/dia, cuja finalidade é fornecer material para um biodigestor calculado para 4000/5000m³ de gás por mês. Já está implantada uma campineira para suplementação alimentar. A grande dificuldade para complementação do biodigestor são técnicas, pois por mais que se procure informações específicas, seja na literatura, seja com profissionais, esbarra-se na falta de detalhamentos na primeira e falta de interesse profissional, na segunda, pois é um mini projeto. Logo ergue-se uma barreira tornada atualmente condicional: Não é viável economicamente; Estufas São duas estufas. Uma pequena de 4m x 6m que até hoje foi usada como experiências e que será transformada em viveiro. E outra de 270 m² para produção; Galinheiro Já construído e experimentado com capacidade para 15 galinhas; Viabilidade econômica Decidimos por não entrar neste condicionamento econômico onde despesas e vendas é que determinam o sucesso ou o fracasso de empreendimentos e, consequentemente, de pessoas (alcançada); Prazos e metas – Nosso viver (alcançada) – Existindo cada dia com o que cada dia fosse percebido por nós. Nosso principal objetivo é a de nos integrar na harmonia natural do planeta. Por isto evitamos chamar o sitio de nosso. Só somos proprietários porque existe um condicionamento jurídico que socialmente nos impõe que somos donos. Porque então estamos entrando nesta disputa? A resposta está no próximo item.
Conclusão/Sugestão Neste hoje que vivemos podemos, Luíza e eu, sentindo o sol que começa, como faz a milhões de anos, aquecer-nos, nos abraçamos em paz, expressando este sentimento com uma simples palavra: Obrigado. O que buscamos produzindo este projeto, é que o ICL, que de uma forma vamos dizer, mais solidária, está tentando, pelo menos como percebemos, mostrar como coexistir com a economia atual pode ser realizada de uma forma menos agressiva, com uma competição menos radical, mesmo jogando dentro das leis do mercado. No entanto, levando em consideração a liderança e a aceitação popular que o ICL alcança, ousamos, dentro desta nossa loucura, sugerir, sei lá, um passo a mais? Uma evolução mais radical? Tendo em vista a inevitabilidade das mudanças climáticas que provocamos, o ICL não poderia tentar despertar uma economia coletiva que vise a continuidade harmônica natural, na qual existimos como mais uma espécie que compõe o sistema planetário? Usando a capacidade racional não para competir, mas para compreender a desigualdade funcional do sistema VIDA. Aqui daremos apenas um exemplo sugestivo e sem detalhamento. Imaginemos a comunidade ICL com 400000 participantes. Coordenados e liderados pelo ICL cada participante doasse um real por mes para um fundo mútuo. Este fundo teria um fixo mensal de 400000 mil reais por mês. Todo mês haveria uma escolha como está sendo proposto hoje, de dez projetos de 40000 reais. Os sorteados continuariam contribuindo com um real, mas não entrariam nas próximas escolhas. Os sorteados não pagariam juros dos 40000, mas, em tendo êxito, passariam a contribuir com vamos dizer, três reais para o fundo, tendo inclusive direito de participar, quando todos os participantes anteriores tivessem sido sorteados, a novos projetos. A coordenação deste fundo seria do ICL ou de uma diretoria eleita online pelos participantes, sendo que as despesas seriam pagas pelo fundo. Os participantes do fundo, ou novos participantes, teriam direito, se escolhidos, como está programado agora, de participar deste show público. E mais, projetos em qualquer área, que apresentem soluções coletivas, independente de governos, para solução das mudanças climáticas, seriam prioritários. Prioritários também seriam projetos de mini produtores, que hoje são centenas, que fazem de suas moradias, seja no campo ou na cidade, um empreendimento sustentável. Enfim, que o ICL pudesse reunir em palestras, aulas e/ou cursos, especialistas nas áreas sobre mudanças climáticas (Paulo Cartaxo, por exemplo) que mostrem, não apenas os fatos catastróficos que podem acontecer, mas também como nós cidadãos podemos construir, praticamente e coletivamente, um possível futuro para as gerações futuras. Tomando como exemplo as campanhas que o ICL já promoveu, sob sua liderança. Principalmente esta última, o Vale das Ocupações. Observa-se no vídeo pequenas plantações de alface e outros vegetais. Tendo em vista o que dizem cientistas que monitoram o clima, destacando aqui o Efeito Estufa, as próximas gerações estarão numa encruzilhada: Sobreviver ou desaparecer. Sendo que a probabilidade desta última parece definitiva (parece…). Nossas necessidades básicas, assim como de todos os seres, são água e comida. As previsões feitas em 1980 para os anos 2100, estão acontecendo agora. Seguindo neste ritmo, em 2050 poderemos, junto com outras espécies, estarmos em vias de extinção. Não somos apocalípticos e por isto acreditamos que existe solução e estas virão exatamente dos hoje chamados de esquecidos. Voltando ao Vale das Ocupações, lá, como em outros semelhantes, pode começar um plano de muitos produzindo pouco para todos. O primeiro passo, começando hoje, é armazenar água das chuvas, que pelo visto se tornarão intensas em determinados períodos, faltando em outros. São águas que veem e que vão, se não forem armazenadas. Felizmente hoje em dia existem técnicas de baixo custo, por isto são pouco utilizadas, não dão lucro. Com água tem-se alimentos, inclusive os chamados PANCs (plantas alimentícias não convencionais). Um fundo mútuo, daria o suporte necessário a este projeto água/alimentos/moradia. Acima foi falado em 40000 mil participantes, mas 15000 doando 10 reais por mês seriam 150000 reais. Acredito que o ICL tem condições de ser líder numa campanha onde a coletividade, com vista nas próprias gerações futuras, poderiam fazer agora o que governos só farão, para poucos, que não serão por certo os bilhões de pessoas que fatalmente desaparecerão. O problema é complexo, mas se tem solução, não é problema. E a solução virá, começando hoje, exatamente dos que estamos marcados para desaparecer. Talvez sejamos Quixotes, sem Sancho Pança e Rocinante, investindo contra pás de moinho, mas mesmo assim acreditando que o presente é o caldeirão do amanhã, que então se tornará… HOJE!
Nesses últimos trinta anos creio que meu trabalho tenha servido para mudanças em como é possível implantar a agricultura orgânica . O principal exemplo foi a criação de uma Reserva Particular do Patrimônio Nacional ( RPPN) , e colaborar com a fundação da associação Pinga-pinga de cafeicultores no distrito de Catolés, assim como a Cooperativa dos Produtores de Café Orgânico da Chapada Diamantina ( COOPERBIO ) . No projeto atual está em construção um biodigestor para servir de modelo para os pequenos agricultores da região. Ainda introduzi a irrigação por aspersão no distrito .
ERASMO DA CUNHA GONÇALVES